Frederico Varandas, presidente do Sporting, deu uma extensa entrevista à Sporting TV onde abordou vários temas do Sporting, mas também os processos em que o Benfica está envolvido.

“Com todo o respeito que o Ministério Público nos merece, não concordamos com a acusação. Melhor, concordamos com o que está lá, mas falta uma peça central lá. O Ministério Público está a acusar o mensageiro, mas não o mentor deste crime organizado. É uma decisão tomada a quente, analisada pelo gabinete jurídico. Vamos pedir uma instrução a este caso. Se analisarmos o processo com cuidado, o Ministério Público reconhece relação de confiança com Luís Filipe Vieira e Cesar Boaventura, que falavam constantemente sobre assuntos do futebol e de outro tipo, constatamos que MP afirma que César Boaventura tenta corromper jogadores que, se fizessem o que foi pedido, ia dispender 400 mil euros”, começou por dizer.

“O MP considera que César Boaventura, em nome pessoal, disponibilidade para a sua equipa ganhar 400 mil euros. Eu acho é que, na cabeça de qualquer pessoa, isto não faz sentido algum. Custa acredita que um empresário esteja na disponibilidade de gastar 400 mil euros para corromper quatro jogadores par ao Benfica ganhar um jogo. Na acusação do MP, está o nome de Luís Filipe Vieira. Acreditamos que o mensageiro está a beneficiar o mentor. Esperamos que seja um erro corrigido, é um processo como os vários que estão na ordem do dia”, continuou.

“O caso ‘E-Toupeira’, para mim, é difícil dizer que não é pior. Paulo Gonçalves é acusar de corromper funcionários judiciais para obter informações. Ele era braço direito de Luís Filipe Vieira, é pública a cumplicidade. O MP disse que César Boaventura não ocupava cargo no Benfica, sobre Paulo Gonçalves nem isso podiam dizer. Foi condenado considerando que corrompeu oficiais de justiça sem ligar ao Benfica. Será que há aqui alguma complô entre agentes de futebol? O que leva um jogador a denunciar? Tiveram coragem. Surpreende-me muito que a peça fundamental não esteja aqui. Tudo o que veio a público é altamente preocupante”, disse sobre o caso E-Toupeira.

“Saco Azul? Para quê era o milhão em dinheiro? É normal ter um milhão de euros em dinheiro. Ainda agora, recentemente, tivemos um clube em Itália, chamado Juventus, a quem foram retirados 15 pontos por evasão e fraude fiscal, não por corrupção desportiva. Tiveram todos os administradores suspensos. Óbvio que o Sporting foi vítima, não interessa o presidente da altura. O Sporting foi vítima de um ato criminoso, não se contenta e vai lutar na justiça contra isto. Não tenho outra forma de classificar isto, é um nojo. Não é diferente do apito dourado de há 20 anos. Um nojo que não pode ter lugar no futebol português e que a justiça vai ter coragem de limpar. Espero que não haja clubite na justiça nem que tenham medo da clubite. Apito Dourado? Ainda temos um presidente, que ainda está no ativo, de viva voz a corromper árbitros e oferecer prostitutas. Não vou mudar de opinião, as escutas são reais. Aquele senhor [Pinto da Costa] jamais poderia gerir um clube. passados anos, estamos a ver um caso vergonhoso”, disse ainda o presidente do Sporting.

“Acredito que o presidente Rui Costa não estivesse envolvido e que não sabia o que passava. Agora sabe. Muito mais importante do que dizemos, é o que fazemos. Não basta dizer que somos diferentes, temos de o mostrar. Muitas vezes são estas decisões, ou não decisões, que nos marcam para a vida. Independentemente do momento é preciso mostrar com atos que somos diferentes. Discordo do presidente Rui Costa quando disse, a apelar a todos os benfiquistas para se manterem imunes a todo este ruído exterior. Não é exterior, é interior e bem ensurdecedor. É preciso demonstrar que se pertence ao lado do bem”, concluiu.