Ex-Sporting terminou a carreira aos 32 anos e com uma mensagem emotiva

Cristiano Piccini, antigo jogador do Sporting, revelou este domingo, através das redes sociais, que decidiu terminar a carreira de futebolista. Aos 32 anos, o defesa italiano despediu-se com uma mensagem emotiva, colocando assim um ponto final no percurso dentro das quatro linhas.
Mensagem:
«Caro Cristiano,
Escrevo-te de longe. De um tempo que tu, agora, nem consegues imaginar. Escrevo-te de balneários que cheiram a glória e lágrimas, de estádios lotados que fizeram as tuas pernas tremerem e de quartos de hotel onde te sentiste mais sozinho do que nunca.
Sou o teu eu de hoje. E tenho muitas coisas para te dizer.
Lembras-te de quando pontapeavas o muro, no campo atrás de casa, convencido de que bastava sonhar alto para chegar ao topo? Não tinhas nada, a não ser uma bola e um coração que batia pelo futebol. Não sabias o quanto seria difícil. No entanto, nunca desististe. Muito bem.
Queria dizer-te que conseguiste.
Vestiste as camisolas que, quando eras criança, só vias na televisão. Viajaste pelo mundo. Aprendeste cinco idiomas. Viveste em cidades cujos nomes nem sabias pronunciar. E sim, realizaste o teu maior sonho: vestir a camisola da seleção nacional.
Mas nem tudo foi glória. Houve um lado que não te contaram. Aquele que não se vê nos sonhos de uma criança.
Vais quebrar. Literalmente. O teu joelho direito vai fazer-te conhecer o inferno. Estarás a um passo de desistir de tudo. Verás companheiros a ultrapassarem-te, contratos a desaparecerem, portas a fecharem-se.
Mas sabes que mais? Vais levantar-te. Sempre.
Vais aprender que o futebol não é só dribles e aplausos. É também depressão, solidão, malas sempre prontas. É ser um número para quem te paga e um símbolo para quem te ama.
Mas, acima de tudo, aprenderás que a vida é muito mais do que uma carreira. Descobrirás o amor verdadeiro. Serás pai de dois filhos que te olharão como tu olhavas para os teus ídolos. E compreenderás que o maior sucesso não é um troféu, mas voltar para casa à noite e sentir que, apesar de tudo, és o herói deles.
Hoje já não és o miúdo que acreditava ser invencível. És um homem. Tens cicatrizes, sim. Mas são elas que te tornam verdadeiro. São elas que contam a tua história.
E se posso dizer-te uma coisa, meu filho, é esta:
nunca deixes de acreditar. Mesmo quando te dizem que está tudo acabado. Mesmo quando te sentes perdido.
Porque cada vez que caíste, foi apenas para aprender a levantar-te mais forte.
Amo-te.
Com orgulho,
Cristiano.»