Antiga treinadora do Sporting arrasou o clube e expôs várias situações

Mariana Cabral, atualmente treinadora-adjunta nos Utah Royals, deixou duras críticas à forma como o Sporting tem gerido o futebol feminino, numa entrevista concedida esta sexta-feira ao podcast “Olhá Bola, Maria”, da Renascença. A técnica portuguesa, que liderou a equipa leonina durante quase três épocas e meia, recordou os desafios enfrentados no clube de Alvalade, numa altura em que o plantel atravessa uma autêntica revolução, com saídas de nomes históricos como Ana Borges e Diana Silva.
“O Sporting podia ser muito melhor do que aquilo que é, só que há um problema grande em Portugal: as pessoas acham que nos estão a fazer um favor por terem uma equipa feminina”, afirmou de forma contundente.
Mariana explicou ainda os motivos que a levaram a abandonar o projeto leonino: “Eu percebo que há pessoas que não se importam, mas eu não sou assim. Fazia-me muita confusão. E também foi por isso que acabei por me demitir, porque senti que não tinha mais vontade de dar a cara por algo em que já não acreditava”.
A antiga treinadora principal não escondeu a insatisfação com as condições iniciais que encontrou no clube. “Os espaços que nós utilizávamos são os espaços da formação masculina, não são da equipa masculina. Quando nós entrámos no Sporting, nem gabinete para os treinadores tínhamos. Também não havia câmara, era emprestada. Não havia scouting na altura. Uma série de coisas que parece agora outro tempo. Claro que isso depois mudou, já não era assim, mas o processo teve de ser todo do zero. Tudo isso teve de ser construído, teve de ser feito por nós”, relatou, sublinhando o esforço necessário para estruturar a secção.
Durante o seu percurso no Sporting, Mariana Cabral conquistou uma Taça de Portugal e duas Supertaças.